56 – 0 SINO DA MINHA IGREJA

 

 

 

Ó SINO DE NOSSA IGREJA

 

         Depois de quase uma década, hoje, dia 16 de agosto de 2023, o sino-relógio de nossa Igreja voltou a funcionar e a badalar nas passagens da hora-cheia e de meia-em-meia hora do rodar dos ponteiros do grandioso e antigo relógio da torre da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, relógio este que também voltou a funcionar.

 

E essa recuperação e retorno ao trabalho se deram graças ao empenho e desempenho, gratuito, espontâneo e eficiente, das seguintes pessoas:

– Constante Oliveira, que cuidava da manutenção do relógio desde o tempo de pároco do Monsenhor Afonso Kurschewski (1913-1967),

   – Vitor Moraes,  atual Sacristão da Igreja,

   – Júlio Ramos, ex-Sacristão, e

   – João Hipólito Pinheiro, fiel que acreditou no conserto.

 

As badaladas e pancadas do sino nos fazem, aos nazareanos mais antigos, despertar a saudade, relembrar nossa infância, recordar o passado saudoso e distante, de um passado que nunca mais vai voltar.

E como não tínhamos relógio de pulso e nem celular, o sino-relógio da Igreja nos lembrava da hora da escola, da refeição, da missa na Igreja, de levantar, de rezar, de parar de brincar e de voltar para a casa.

 

Fernando Pessoa, o Príncipe dos poetas portugueses, numa bonita composição poética, “Ó Sino da minha Aldeia” enuncia em tom melancólico a sua condição de eterno errante, simultaneamente o perto e o distante, desde o passado irrecuperável até o soar do sino no presente.

 

 

 

Ó SINO DA MINHA ALDEIA

 

Ò sino da minha aldeia,

Dolente na tarde calma,

Cada tua badalada,

 Soa dentro da minha alma,

 

É tão lento o teu soar,

Tão como triste da vida,

Que já a primeira pancada,

Tem o som da repetida.

 

          Por mais que tanjas perto,

         Quando passo, sempre errante,

         És para mim como um sonho,

         Soas-me na alma distante.

 

A cada pancada tua.

Vibrante no céu aberto,

Sinto mais longe o passado,

Sinto a saudade mais perto.

 

 

 

Fernando Pessoa (1888-1935), seu primeiro poema quando criança:

 

 À Minha Querida Mamã”

 

Ò terras  de Portugal,

Ò terras onde eu nasci,

Por mais que goste delas,

Ainda gosto mais de Ti.

 

 

 

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