UM NAZAREANO EMBAIXADOR DO BRASIL
Lucillo Antônio da Cunha Bueno (1886-1928)
Um nazareano que foi embaixador do Brasil na Dinamarca.
Nascido em Nazaré, filho do Coronel da Guarda Nacional Benedicto Antônio Bueno, foi criado pelo Juiz de Direito de Atibaia, Dr. Câmara Leal , cidade onde desempenhou a função de sacristão.
Foi Oficial do Cruzeiro, eleito Diretor da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico e praticante do Tesouro Nacional, onde fizera concurso com um casaco emprestado de um filho de seu tutor. Foi ainda Diretor do Ministério da Justiça.
Formou-se bacharel em direito pela Faculdade do Rio de Janeiro e bacharel em letras pelo Colégio Pedro II. Era amigo e muito admirado do Duque de Caxias.
E foi Embaixador do Brasil na Dinamarca, Copenhague.
Consta do Almanaque do Pessoal do Ministério das Relações Exteriores, de 1928, às páginas 190 e 191, que Lucillo desempenhou as seguintes funções: (2)
-Auxiliar do Tribunal Arbitral Brasileiro Peruano -1906
-Encarregado de Negócios em Caracas, Venezuela – 1910-1913
-Encarregado de Negócios em Montevidéu, Uruguai – 1918-1920
-Embaixador do Brasil em Copenhague, Dinamarca – 1921-1928
Seu filho, com o mesmo nome, Dr. Lucillo Bueno, depois da morte de seu pai em Copenhague, quis homenagear e reverenciar a memória desse ilustre nazareno e resolveu escrever a sua vida que se desenrolou em um ambiente de humildade.
Publicou e distribuiu um folheto descrevendo a vida de seu pai em Nazaré´, narrando a humildade de seu viver e as amarguras porque passara a sua família até que foi entregue como pupilo do Dr. Câmara Leal, Juiz de Atibaia. Conta que seu pai vinha à Nazaré para visitar suas tias velhas que viviam em sua terra natal, e que, mesmo sendo detentor de tantos títulos e honrarias, palmilhava a estrada de Atibaia à Nazaré e aqui chegava incógnito, para não ser recebido com honrarias.
Em bonita matéria publicada no jornal “O Atibaiense” e reproduzida no jornal “A Folha”, de Nazaré, em 14 de outubro de 1928, com o título “Elogio à Pobreza e à Humildade”, o repórter “Tio Joaquim”, assim enaltece esse Nazareno:
“ Elogio à Pobreza e à Humildade”
“ Nazareth, a humilde Nazareth que só tem beleza bíblica,… deve se orgulhar de ter filhos como o Coronel Bueno e o Dr. Lucillo Bueno”.
“Belo exemplo para os que depois de terem adquirido uma posição de destaque, envergonham-se dos seus que são pobres e humildes e até da terra natal porque suas ruas não tem calçadas…”.
Lição para os que não querem que ninguém saiba onde fica a casa em que nasceu porque a sua janela não tem vidro e o seu teto só tem telhas velhas e que não são francesas “.
E continua : “Não são as paredes das casas que fazem os homens; são os homens que fazem as paredes das casas”…
“Exemplo aos que não andam em São Paulo em automóveis com placas de Perdões, Nazaré , Santa Isabel, porque isso tudo são lugarejos…”
Que importa se as ruas não têm asfalto, si sobre ellas pisa gente honesta…, esses, o Coronel Bueno e o Embaixador Lucillo Bueno não se envergonharão de passear nas ruas asphaltadas do Rio e de São Paulo, pelas avenidas de Paris ou Copenhague com um automóvel que tenha placa de Nazareth, mesmo que seja um Ford velho, porque são homens inteligentes, cultos e nobres.”
“Nazareth pode sentir o mesmo orgulho que sentiram as avós pobres e humildes, ao verem um neto entre a multidão que os aclama tomar de suas mãos e elevá-las até o seu pedestal dizendo: Esta é a minha avozinha.” (1)
Quase cem anos se passaram sem que fosse destacada e divulgada a vida do Embaixador Lucillo Antônio da Cunha Bueno Bueno.
Seu pai, o Coronel da Guarda Nacional, Benedito Antônio Bueno, teve seu nome dado à rua Coronel Benedito Bueno, que inicia na praça central da cidade e segue até a sede do Quartel da Polícia Militar, no início da Rodovia Mathias Lopes.
Nossa Homenagem a este ilustre embaixador Nazareano:
Nazaré Paulista, desde sua criação caracterizou-se em ser uma terra simples, singela, tradicional e plena de sentimento religioso. Dessa maneira, é natural que seus filhos também assim o fossem. E assim foram e são. Todavia, mesmo em sua simplicidade e humildade, teve filhos que se destacaram, que muito dedicaram e amaram esta terra, e contribuíram para o seu desenvolvimento. Destacamos aqui, curtas referências biográficas a um nazareano que se destacou ao longo da história de nossa terra, certos de estarmos contribuindo para que os nazareanos ilustres do passado sejam preservados, tenham seus nomes lembrados e seus feitos imitados pelos atuais e futuros conterrâneos.
1- Jornal “A Folha”, nº 169, Nazaré, 14 de outubro de 1928, reproduzindo artigo do “O Atibaiense”, de Atibaia.
2 -Almanaque do Pessoal – 1928 – Ministério das Relações Exteriores, pg. 190 e 191
Nazaré Paulista, maio de 2016
Oscar Teresa Pinheiro do Carmo
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