OS BAIRROS RURAIS DE NAZARÉ
MASCATE
Por Oscar Pinheiro
- O Bairro “Mascate”:
Um mapa oficial do Município de Nazaré, de 1946, talvez o mais antigo, elaborado pelo Instituto Geográfico e Geológico em observância ao Decreto-lei nacional nº. 311, de 2 de março de 1938, rubricado pelo então Prefeito Diocleciano Conceição, constava os bairros de Mascate Grande e Mascate Pequeno. O bairro tinha por divisa a margem esquerda do Rio Atibainha, os limites de Mairiporã e o bairro da Serra Negra, hoje pertencente ao Município de Bom Jesus dos Perdões.
Atualmente o bairro tem três subdivisões, Mascate, Mascatinho e Mascate Grande, sem limites perfeitamente definidos, e pode ser considerado como uma das regiões do município com grandes condições de expansão, dadas as suas rodovias, Av. Mathias Lopes e Rodovia D. Pedro I, e seu relevo menos montanhoso.
- A Origem da Denominação “Mascate”:
Mascate ou Mascates era a denominação dada aos mercadores ambulantes e vendedores de “porta em porta”, associada aos imigrantes provenientes do Líbano e da Síria que se dedicavam a essa atividade e que eram chamados, generalizadamente de “turcos”.
Em geral esses imigrantes vinham para o Brasil sem grandes capitais e sem experiência na lavoura e então se dedicavam à atividade de “mascateação”, ou seja, se dedicavam ao comércio popular ambulante, visitando as pequenas cidades do interior, oferecendo mercadorias de miudezas, bijuterias, tecidos e roupas prontas, visitando as casas, sítios e fazendas de café das zonas rurais.
- Os Mascates em “Nazareth”:
Os libaneses, sírios e turcos vindos à nossa terra, conhecidos por “Turcos Mascateiros”, ascendentes das atuais famílias Abrahão, Hacl, Rachid e Raul Salomão aqui perambulavam e comerciavam pelos nossos bairros rurais, e após angariar alguns recursos, montaram lojas de tecidos e armarinhos em nossa cidade.
Em geral eles provinham do eixo rodo-ferroviário via Santos, São Paulo, Campo Limpo e Atibaia, trazendo grandes malas e cargas de mercadorias, e que em montarias, charretes e carroças se dirigiam à antiga Freguesia de Nazareth.
- As Populações:
Em 1876, o Padre Nicolau Carpinelli, natural de nossa cidade, com rua na cidade com seu nome, Rua Padre Nicolau, registrou no Livro Tombo da Igreja uma população de 303 habitantes no Bairro do Mascate. Atualmente tem uma população estimada de 1.100 habitantes, com inúmeras chácaras de recreio e com os loteamentos e aglomerados urbanos do “Jardim Bela Vista”, Jardim Monte Verde e Jardim da Santa Cruz na chamada área 10.
- As Capelas:
O bairro conta com quatro Capelas Rurais:
-Capela da Santa Cruz, no Mascate, ao lado do sítio do falecido José Vaz,
-Capela do Divino, no Mascatinho, marginal à Av. Mathias Lopes,
-Capela de Nossa Senhora de Fátima, sito no terreno do falecido Alcides Pires
-Capela de São João, de taipa, próxima à propriedade do falecido Leonel Pinheiro.
- As Famílias e Sitiantes Antigos:
-Fazenda de Matheus da Silva, criador de gado e negociante,
-José Vaz, falecido, negociante, deixando duas filhas, sendo uma esposa de João Pai.
-Gonçalo Cuba, carvoeiro que morreu picado por cascavel,
-Fazenda de José Veríssimo de Moraes, falecido, pai de Mário Veríssimo de Moraes,
-Antônio Gregório, falecido, que caçava veados com outros caçadores de Nazaré.
-Bento Valinhos, carvoeiro.
-Matheus Pinheiro, falecido, oleiro, com descendência de políticos nazareanos
-“Dito Jeca”, falecido, deixando filha, esposa de João Belarmino.
-Família dos “Marianos” (Nico Mariano e José Mariano)
-Leonel Pinheiro, falecido.
- As Primeiras e as Atuais Atividades Econômicas:
O bairro teve como principal atividade econômica a pecuária de corte e de leite e o extrativismo vegetal, fornecendo lenha e carvão
Atualmente o bairro conta com as principais indústrias do município, a Dynamic Air, e a Glassec Vidros de Segurança, com 98 e 220 funcionários respectivamente.
Conta também com uma fonte extratora de água mineral natural Bilágua, diversas áreas cultivadoras de flores, (Odair, Júlio, Paulo e Nadir) com remessa diária à estação Ceasa, em São Paulo e com empresa de beneficiamento de coco.
- A Chegada e Recepção da Imagem da Padroeira:
Em 1916 a Igreja Matriz de Nazaré recebeu uma nova imagem de sua padroeira, Nossa Senhora de Nazaré, doada por José Rodrigues Pinheiro e importada de Barcelona, Espanha, e que se encontra até hoje no nicho do centro do altar-mor.
O Padre Agostinho Camarzana assim descreveu a chegada da imagem até a Capela do Divino, no bairro do Mascate e a procissão até a cidade (Livro tombo nº3, folhas 10):
“No dia 10 do corrente mês de setembro do anno de 1916, chegou a esta matriz a nova padroeira Nossa Senhora de Nazareth, vinda de Barcelona, Espanha e encomendada pelo Exmo. Sr. José Rodrigues Pinheiro. Da capella do Divino até esta matriz foi um verdadeiro acontecimento a transladação da referida imagem, nunca, nem mesmo nas maiores solenidades tinha-se visto uma massa de povo tão extraordinária. Tem de altura um metro e trinta, e seu custo com o transporte até a estação de Guaxinduva foi de 1.184$600, um conto cento e oitenta e quatro mil e seiscentos reis.”
A Imagem veio de navio até Santos, por via férrea de Santos à Guaxinduva, por trole até a Capela do Divino no Mascate, e depois em procissão à pé até a Igreja da então Vila de Nazareth.
- O Pouso e o Acidente de Avião:
-Em 1944, um pequeno avião monomotor oriundo de Atibaia e pilotado pelo dentista atibaiense Rozendo Aguirre, sobrevoando a cidade de Nazaré, apresentou falha mecânica e passou a procurar local para pouso de emergência. Sobrevoou a cidade em baixa altitude e foi pousar no alto da fazenda de José Veríssimo, no Mascatinho. E pousou bem. No dia seguinte, após os reparos e sob a assistência de muitos curiosos nazareanos, foi preparado um balizamento com taquaras para que o avião pudesse alçar vôo. E ao decolar uma das asas bateu na taquara e o avião capotou, sendo muito danificado, mas sem que o piloto se machucasse. Entretanto um estilhaço da taquara atingiu o resto de Sebastiana Passos (D. Tiana), viúva de Wilson Passos.
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