– As “Bandeiras” Paulistas
A história de São Paulo, de São Paulo de Piratininga, nos seus primeiros séculos de existência, se caracteriza pela ação e espírito aventureiro do homem paulista de então, do piratiningano bandeirante que não conhecia fronteiras e limites. Era o bandeirante desbravador que se aventurava pelo interior, que se organizava em bandeiras e se lançava em expedições audazes em busca do ouro precioso, da captura do índio, e assim iam desbravando e colonizando o sertão e fundando novos povoados.
A esse paulista bandeirante seguiu-se , em meados do Setecentismo, o paulista lavrador e comerciante, aquele que passa a radicar-se no terreno virgem, derrubando suas árvores primárias, roçando o terreno, arando-o e nele plantando as sementes de cana, café, milho e mandioca. Além desse paulista da lavoura, da roça, havia também o paulista boiadeiro, tropeiro, e que no lombo de seus muares e burros, tornavam-se negociantes e comerciantes.
Esta é a história da gênese de Nazaré, e de inúmeras outras cidades de nosso interior.
Foram inúmeras as Entradas e Bandeiras. Citemos algumas que mais de perto interessam à história nazareana.
Por volta de 1615 falece o célebre bandeirante Antônio Raposo Tavares e a partir de então, Fernão Dias Pais , nascido em São Paulo, filho de antigos povoadores, passa a ser o líder e mais famoso bandeirante. Desde moço lançou-se ao sertão. Em 1639 foi Capitão de Ordenança da Vila Paulistana e figurou como um dos principais integrantes da família dos “Pires”, na luta com os “Camargos”, os quais vieram se erradicar na região de Atibaia.😊
Em 1658 tivemos a bandeira de Pedro Dias Leite, irmão de Fernão Dias Pais.
Em 1665, o padre Mateus Nunes Siqueira trouxe à região de Atibaia, vindo pela vertente setentrional da Mantiqueira, centenas de índios guarumirins, ou guarulhos .
Em 1667, houve a bandeira de André Lopes.
Em 1668, Salvador Cardoso e Pedro Simões, se oferecem para partir em socorro a uma outra bandeira extraviada ou perdida.
Em 1658 tivemos a bandeira de Pedro Dias Leite, irmão de Fernão Dias Pais.
Em 1665, o padre Mateus Nunes Siqueira trouxe à região de Atibaia, vindo pela vertente setentrional da Mantiqueira, centenas de índios guarumirins, ou guarulhos .
Em 1667, houve a bandeira de André Lopes.
Em 1668, Salvador Cardoso e Pedro Simões, se oferecem para partir em socorro a uma outra bandeira extraviada ou perdida.
O historiador Pedro Taques cita diversos outros bandeirantes, povoadores e mineradores, que saindo de São Paulo, com grande margem de possibilidade por aqui passaram, pernoitaram, pescaram, caçaram e, quiçá alguns tenham gostado e aqui ficado. Dentre eles, são citados João Lopes de Lima e Jonas Lopes de Camargo.
O registro escrito mais antigo
Indubitavelmente, o registro escrito mais antigo encontrado sobre Nazaré Paulista é o Livro-Tombo nº1 da sua Igreja, arquivado na Cúria Diocesana de Bragança Paulista. Devidamente bem cuidado, encadernado, encapado e restaurado em , encontra-se com suas páginas amareladas, carcomidas e com seus textos manuscritos à tinta e pena, em um português arcaico, já perdendo a nitidez e muitas vezes de difícil compreensão. Todavia é um relicário histórico de plena confiabilidade, e sem dúvida da maior importância para a reconstituição da história do município e de sua paróquia.
Dele reproduzimos os seus primeiros textos, que de certa forma, representa a “certidão de nascimento” da igreja e do povoado:
“Livro tombo desta Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazareth e de suas capellas anexas”
“Esta Igrª é de invocaçam de nossa Senhora de Nazareth, foi feita na era de mil seissentos e setenta e seis e mandou-a fazer, Mathias Lopes, e seu Zuzarte Lopes, e não foi desmembrada de parte alguma, não consta petiçam nem alvara, de consentimento, della.”
“Tem essa Freguesia oitenta e um fogos, e compreende o distrito dessa Freguezia tres legoas; e parte com a Freguezia de Sam Joam de Atibaya, que fica distante desta Matriz, coatro legoas; e parte mais com a Freguezia da Senhora da Conceiçam, que fica distante dessa Matriz, nove legoas. Tem moradores que distam desta Matriz tres legoas, não ha pocibilidade nessa Freguezia de poder fazer capella por cer os moradores dela muito pobres e não poder custear a dita capella, nem capelam.”
Desastradamente, por falta de folhas no livro, não é possível precisar a data e a autoria desse manuscrito. Entretanto, em folha seqüente, lemos:
“Aos trinta dias do mês de marso de mil e setecentos e um annos, estando em visita nesta villa de Sam Paulo o Doutor Antonio de Lima, comigo probendado, da Sé do Bispado do Rio de Janeiro, nos apresentpou o Pe. Manoel Cardoso de Lima este livro que o digno visitador numerou e rubricou”….
Depreende-se que foi escrito pelo Padre Manoel Cardoso de Lima, também chamado de Padre Manoel Lopes, irmão de Mathias Lopes, fundador do povoado, e que pode ter sido escrito em 1688, ano em que ele oficiou na capela e registrou os primeiros batizados e casamentos.
O ano da fundação
Um outro registro antigo e bastante significativo é o constante do verso da primeira folha do Livro nº 1 de Batizados da paróquia de Nazaré, também arquivado na Cúria Diocesana de Bragança Paulista:
“A Fregª foi creada no anno de 1682, depois de interdita no anno de 1676. Retornou após… no anno de 1688″
Esta verdadeira certidão de nascimento tem no seu rodapé uma rubrica, inelegível, mas provavelmente pertencente ao Padre Manoel Cardoso de Lima, ou ao Padre Pantaleão de Souza Pereira, que registrou nesse livro os primeiros batizados, em 1688.
O Monsenhor Tito José Felice, Vigário Geral da Diocese de Bragança, organizou o Livro dos Decretos de Criação das Paróquias da Diocese, valendo-se dos livros-tombo e de informações recebidas da Cúria Metropolitana de São Paulo. Desse livro, manuscrito em 1996, consta:
“Infelizmente não consta nas informações enviadas algum Decreto de sua instalação. Não existe nesta Paróquia, nem no arquivo da mesma, documentos pelos quais se possa certificar da criação da mesma, no entanto, é antiqüíssima, fazendo crer pela existência dos assentos de batismo datados de 1682.
…Deduzimos que o núcleo primitivo que deu nascimento à atual cidade de Nazaré, já estava formado antes, digo, muito antes de 1676, porquanto nesse ano, foi a capela interditada; restabelecido o Curato em 1682, só tendo pároco efetivo em 1688, data em que se procediam batizados; em 1686 já se faziam casamentos naquela capela, tendo sido celebrante o Padre Pantaleão de Souza Pereira ““.
Diante dessa dificuldade de se precisar o ano da fundação, acatou-se o ano de 1676, como o ano oficial da fundação do município e o da construção da capela; o ano de 1682 com sendo o ano em que se configurava como Capela Curada.
Quanto ao dia da fundação, até bem pouco tempo adotava-se a data de seis de junho para comemorar-se o dia da fundação da cidade e do município, porém sem nenhuma comprovação ou referência histórica. A partir da década de 1950, resolveu-se adotar , como a data comemorativa, o dia vinte e um de novembro quando se comemora, de longa data, a festa da sua padroeira, a festa de Nossa Senhora de Nazaré.
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