4 – CONCURSO LITERÁRIO – HISTÓRIA DO MEU MUNICÍPIO – NAZARÉ PAULISTA

ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA

PROGRAMA: SÃO PAULO, UM ESTADO DE LEITORES

PROJETO: ESCRITORES E SEUS LEITORES

I CONCURSO LITERÁRIO

HISTÓRIA DO MEU BAIRRO, HISTÓRIA DO MEU MUNICÍPIO.

CONCURSO LITERÁRIO- HISTÓRIA  

OSCAR TERESA PINHEIRO DO CARMO

e.mail: oscarpinheiro@terra.com.br

OSCAR TERESA PINHEIRO DO CARMO

HISTÓRIA DO MUNICÍPIO DE NAZARÉ PAULISTA “Paraíso das Águas e da Fé”

Resumo extraído do livro-prelo “De  NAZARETH  (1676) a NAZARÉ PAULISTA (2006)”

deste mesmo autor,  porém ainda inconcluso  e não publicado,

classificado em 1º lugar no I Concurso Literário

“História do meu bairro, História do meu município”

da Secretaria do Estado da Cultura do Estado de São Paulo.

Nazaré Paulista, 2006

APRESENTAÇÃO

Nazaré Paulista, município originário de um dos mais antigos povoados do interior do Estado de São Paulo, “Nazareth”, seiscentista de 1676, comemora neste ano de 2006 o seu 330º aniversário de fundação e ainda não dispõe de um livro específico que relate a sua história.

Há vários anos me empenho em escrever a sua história, coletando os seus parcos registros para, despretensiosamente, contar aos que após vierem, um pouco do seu passado histórico, da história da nossa cidade, do nosso município, da sua gente, dos que aqui nasceram e viveram.

São escritos simples de um simples nazareano, orgulhoso de ser um filho desta terra e com um profundo respeito e admiração aos nazareanos que nos antecederam e que fizeram acontecer a nossa Nazaré Paulista.

Já se disse que é pobre e infeliz o povo que não registra e não cultua o seu passado, as suas tradições, a sua história, os seus costumes e os seus antecessores. Nazaré Paulista, nestes seus mais de três séculos de existência tem tido uma história e cultura ágrafa, sem registro histórico e sem literatura própria. Todo o seu passado, sua origem, suas festas, suas tradições, seu folclore, seus feitos e seus filhos tem sido transmitido via oral. E deste modo, está sujeito a perder a sua identidade histórica, sujeito ao esquecimento e ao desaparecimento de suas raízes. Se a cultura morre, a história da comunidade desaparece e seu povo se empobrece.

O escritor e historiador Afonso d’Escragnole Taunay ao prefaciar a obra “Esboço Histórico da Fôrça Pública” (1), corporação da qual me ufano em ser integrante, afirmou que é da maior conveniência reviver as efemérides e relembrar os primórdios, por mais modestos que sejam, pois é desta maneira, examinando o passado, que adquirimos a noção do quanto caminhamos e de quanta responsabilidade temos para com os nossos pósteros.

Ao apresentar estes resumos, extraídos do livro-prelo “De Nazareth 1676 a Nazaré Paulista  2006”, ao I Concurso Literário da Secretaria de Estado da Cultura do Estado de São Paulo, não nos moveu outro intento que não fosse o de propiciar uma ampla e popular divulgação de fragmentos históricos de Nazaré Paulista, dirigidos em especial à atual e à nova geração de seus munícipes.

Os erros, enganos e omissões certamente serão muitos, mas ao dar este primeiro passo, é de se esperar que outras pessoas, após, possam corrigir, sanar as falhas e complementar a história desta nossa querida terra natal.

Aos que de alguma forma me ajudaram nesta tarefa, recebam, não a minha, mas a gratidão dos nazareanos que fizeram a história de Nazaré Paulista!

                                                                                 Oscar T. Pinheiro do Carmo

SUMÁRIO

             -capa: -Igreja Nossa Senhora de Nazaré e a “Festa do Divino”, 2000

                        -Represa do Atibainha e a cidade de Nazaré Paulista, 2006

-apresentação

-dados do município

  1. A ORIGEM  DO POVOADO…………………………………………………………1
  2. O REGISTRO ESCRITO MAIS ANTIGO……………………………………….1
  3. A FUNDAÇÃO ……………………………………………………………………………2
  4. A CAPELA…………………………………………. ………………………………………3
  5. OS FUNDADORES………. …………………………………………………………….3
  6. AS DENOMINAÇÕES E EMANCIPAÇÕES …………………………………4
  7. A POPULAÇÃO NAZAREANA NOS RECENSEAMENTOS…………..5
  8. AS FAMÍLIAS TRADICIONAIS….. ………………………………………………6
  9. NAZAREANOS QUE SE DESTACARAM NA HISTÓRIA …………….6
  10. A EXTRAÇÃO VEGETAL………………………………………………………….7
  11. AS FESTAS E TRADIÇÕES ……………………………………………………….8
  12. A REPRESA ATIBAINHA ………………………………………………………….9
  13. A VOCAÇÃO TURÍSTICA …………………………………………………………9
  14. ÁGUAS NAZAREANAS AOS IRMÃOS PAULISTANOS …………..10

-Carta geográfica de 1767

-Mapas da Evolução da Cidade de São Paulo – 1750/1850

-Bibliografia

             -contra-capa: -Mapa da Região de São Paulo no final do século XVII, com

                                      suas Vilas, Aldeias e Capelas Rurais.

.NAZARÉ PAULISTA

  1. Dados do Município
  • Localização …………………………………………………………..Região Sudeste do Estado de São Paulo
  • Região Administrativa de Campinas
  • Região de Governo de Bragança Paulista
  • Aniversário da fundação –(1.676)…………………………….21 de novembro
  • Aniversário de emancipação do Município –(1.850)…..10 de junho
  • Padroeira……………………………………………………………….Nossa Senhora de Nazaré
  • Municípios limítrofes- ao norte e noroeste…………………Piracaia
  • ao sul ………………………………….  Mairiporã
  • a leste …………………………………. Igaratá e Santa Izabel
  • a oeste ………………………………… Bom Jesus dos Perdões
  • a sudeste ………………………………Guarulhos
  • a sudoeste …………………………….Atibaia
  • Área ……………………………………………………………………………………………………322,0 km2
  • Área inundada pela represa Atibainha …………………….. ……………………………. 22,5 km2
  • Área – percentual da área do Estado de São Paulo ……. …………………………..   1,31 %
  • População residente (2005) …………………………………………………………………….15.911
  • Densidade demográfica (hab/km2) ………………………………………………………….49,41
  • Grau de urbanização …………………………………………………………………………. …42,77 %
  • Estrutura etária da população –menos de 15 anos ……………………………………..26,47 %
  • -de 15 a 60 anos …………………………………………62,15 %
  • -mais de 60 anos …………………………………………11,38 %
  • Taxa de natalidade (por mil habitantes em 2004)……………………………………….13,15
  • Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos em 2004)………………….. 24,39
  • Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (2000)……………………………….0,746
  • Domicílios particulares permanentes (2001)………………………………………………3.983
  • Eleitores (2004) …………………………………………………………………………………….11.199
  • Estudantes (2004) -ensino fundamental …………………………………………………… 2.635
  • -ensino médio ………………………………………………………….    972
  • -ensino pré-escolar …………………………………………………..    271
  • Taxa de analfabetismo (2000) –população  com mais de 15 anos …………………16,18 %
  • Leitos hospitalares disponíveis …………………………………………………………………13
  • Internações em 2001 ……………………………………………………………………………….674
  • Óbitos em 2001……………………………………………………………………………………….110
  • Óbitos hospitalares ………………………………………………………………………………..  49
  • Extração vegetal (2003) – madeira – lenha …………………………………………………100.000 m3
  • – madeira em tora ……………………………………………….  16.000 m3
  • – carvão vegetal ………………………………………………..    1.400 ton
  • Empresas – (unidade) – agrícolas/pecuárias ………………………………………………  9
  • -indústria de transformação ……………………………………..49
  • -construção ………………………………………………….. ……..  4
  • -alojamento e alimentação ……………………………………….46
  • Veículos – (unidades) –(2004) –      automóveis ………………………………… ………2.377
  • –          caminhões ………………………………………..   332
  • –          caminhonetes ……………………………………   117
  • –          motocicletas ……………………………………..   609
  • –          ônibus …………………………………………….     43
  1. Dados da Cidade
  • Coordenadas Geográficas ………… latitude sul …………………………………………….. 23° 10’ 53”
  • Longitude oeste ……………………………… ………46° 24’ 00”
  • Altitude …………………………………Centro Geométrico ……………………………………1.030 m
  • População urbana (2005) …………………………………………………………………………..6.805
  • Distância rodoviária – à Atibaia…….. (Rodovia D Pedro I- SP 065) ………………. 23 km
  • – à Guarulhos ..(Rod. Juvenal Ponc. Camargo – SP 036)..  40 km
  • – à São Paulo …(Rod. Fernão Dias – BR 381) ……………….  83 km
  1. A Origem do Povoado

A história de São Paulo de Piratininga nos seus primeiros séculos de existência se caracteriza pela ação e pelo espírito aventureiro do homem paulista de então, do piratiningano bandeirante que não conhecia fronteiras e limites. Era o bandeirante desbravador que se aventurava pelo interior em busca do ouro precioso ou da captura do índio e assim ia desbravando e colonizando o sertão e fundando novos povoados. A ocupação do Vale do Paraíba se iniciou com a formação dos povoados de Taubaté (1645), Guaratinguetá (1656), Jacareí (1653), expandindo-se para leste, resultando na formação de Atibaia (1665) e de Nazaré (1676).

Esta é a história do povoado “Nazareth”, gênese da atual Nazaré Paulista e de inúmeras outras cidades do nosso interior. Bandeirantes, nos meados da era seiscentista, saíram da então Província de São Paulo em direção às terras do interior. Uns desceram o rio Tietê e outros, em sentido oposto, pela Penha, por Conceição dos Guarulhos, desviando da Serra da Cantareira, embrenharam nas matas do Itaberaba, atingindo a Mantiqueira e o Rio Atibainha, por aqui passaram, pernoitaram, pescaram, caçaram, e com grande margem de possibilidade, alguns daqui gostaram e aqui ficaram.

  1. O Registro Escrito mais Antigo     

O mais antigo documento encontrado sobre Nazaré Paulista é o seu Livro-Tombo nº 1, livro utilizado pela igreja para seus registros e que se encontra arquivado na Cúria Diocesana de Bragança Paulista. Trata-se de um livro bem cuidado, encadernado, encapado, já restaurado, com suas páginas amareladas e carcomidas, com seus textos manuscritos à tinta e por caneta de pena, em um português arcaico, já perdendo a sua nitidez e com muitos termos de difícil leitura e compreensão. Todavia é um relicário histórico de plena confiabilidade e sem dúvida da maior importância para a reconstituição histórica do município e de sua paróquia.

Daquele livro (2) reproduzimos os seus primeiros textos, mantendo a sua grafia original, manuscritos pelo Padre Manoel Cardoso de Lima em 1688:

Livro tombo desta Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazareth e de suas capellas anexas. Esta Igrª é de invocaçam de nossa Senhora de Nazareth, foi feita na era de mil seissentos e setenta e seis e mandou-a fazer Mathias Lopes e seu Zuzarte Lopes, e não foi desmembrada de parte alguma, não consta petiçam nem alvará de consentimento della”.

  1. A Fundação

Seus fundadores, Mathias Lopes e seu filho Zuzarte Lopes, erigiram uma tosca capela sob a invocação de Nossa Senhora de Nazaré, no topo de uma montanha de 1030 metros de altitude, banhada em seu sopé pelo Rio Atibainha.

Um outro registro manuscrito, antigo e bastante significativo, é o constante do verso da primeira folha do Livro nº 1 de Batizados da paróquia de Nazaré (3):

A Fregª  foi creada no anno de 1682, depois de interdita no anno de 1676. Retornou após no anno de 1688”.

Esta verdadeira certidão de nascimento nos permite deduzir que o núcleo primitivo que deu origem ao povoado teve sua origem muito antes de 1676, porquanto nesse ano a capela foi interditada, sendo restabelecido o seu curato em 1682, só tendo pároco efetivo em 1688, quando se procederam e foram registrados os primeiros batizados. Diante dessa dificuldade em se precisar o ano da fundação, acatou-se o ano de 1676, quando foi construída a capela, como sendo o ano oficial da fundação de Nazaré Paulista.

  1. A Capela

A pequena e rústica Capela de 1676, declarada curada em 1682 e considerada paróquia em 1688, com suas sucessivas reformas e ampliações deu origem à nossa atual, bonita e querida igreja, que é a mais antiga da Diocese de Bragança Paulista e que tem como padroeira a Nossa Senhora de Nazaré, com a sua atual imagem centrada no altar-mor, trazida de Barcelona, Espanha em 1916, com os seus pilares de sustentação em estilo romano e com suas ricas pinturas a óleo em suas paredes e em seu teto.

Desde a sua fundação Nazaré Paulista tem nos princípios cristãos e na sua Igreja o centro e o núcleo de seu modo de vida, de agir e de pensar. Devoto, religioso e festeiro, o nazareano tem na sua igreja, no seu pátio e no seu salão paroquial o lugar de encontro, das reuniões, das discussões, das decisões e das orações. E assim tem sido desde os tempos remotos de sua primeira capela.

Essa capela foi assim descrita pelo Padre Manoel Cardoso de Lima, em 1690, conforme texto manuscrito constante do já citado Livro-Tombo nº 1:

Tem a dita Igreja três altares, o altar mor esta na capella mor, e tem três imagens. Uma é nossa Senhora de Nazareth que esta no meio do altar, e santo Antônio que esta da parte do evangelho, e Sam Miguel que esta na parte da epístola; tem sacrário postiço, tem tribuna, tem dois altares colaterais que estam encostados no arco da igreja… Essa igreja é feita de taipa… tem casa do consistório… tem pia batismal que é de pao, tem um sino… não tem torre nem campanário…”

  1. Os Fundadores

Foram fundadores de Nazareth, Mathias Lopes e  Zuzarte Lopes de Medeiros.

Mathias Lopes, casado com Catharina do Prado, era filho de Mathias Lopes (o primeiro) e de Catharina de Medeiros, neto do português Salvador Pires, o qual veio para o Brasil com seu pai, João Pires, chamado “o gago”, na nau de Martim Afonso de Souza, que depois de navegar pela costa brasileira até o Rio Prata, desembarcou em São Vicente em 22 de janeiro de 1532, dando início à colonização de nosso país.

  1. As Denominações e Emancipações

Nazaré Paulista contou ao longo de sua existência, desde a sua fundação até os dias atuais, com diversas denominações e emancipações, e que resultaram em promoções, evoluções e alterações em sua vida administrativa, política, religiosa, judiciária e até em suas divisas e limites territoriais. Assim vamos encontrar:

–Capela de Nossa Senhora de Nazareth (1676): Seus fundadores desejando testemunhar sua fé, escolheram o terreno no mais alto da montanha e construíram a ermida, o pequeno templo para a prática do culto religioso e, quando da vinda esporádica de um padre, eram ministrados os sacramentos do batismo, da eucaristia e da bênção nupcial.

–Capela Curada de Nossa Senhora de Nazareth (1682): Os primeiros moradores construíram suas casas ao redor da capela, deixando um largo ou pátio ao seu redor e passam a reclamar a presença e a residência de um padre próprio. Tal é conseguido em 1682, quando, por provisão do Bispado, na época do Rio de Janeiro, é a capela declarada “curada”, considerada paróquia e é nomeado o seu primeiro administrador, o Padre Pantaleão de Souza Pereira.

– “Freguezia” de Nazareth (1731): A comunidade eclesiástica, tendo e mantendo o padre por conta de seus paroquianos, foi elevada à condição de “freguezia”, como sendo uma instituição oficial, com administração eclesiástica e civil, subordinada administrativamente a uma vila, inicialmente a “Villa de São Paulo”, e depois, em 1769, à “Villa de Atibaia”.

-Vila de Nazareth (1850): A Freguesia de Nazaré é elevada à categoria de Vila pela Lei nº 15, de 10 de junho de 1850, decretada pela Assembléia Legislativa Provincial e sancionada pelo Presidente da Província de São Paulo, Vicente Pires da Motta. A partir de então Nazaré passava a ter governo próprio, compreendendo os distritos de Bom Jesus dos Perdões e de Santo Antônio da Cachoeira (Piracaia), os quais foram elevados à categoria de Vila (equivalente a município) em 1859 e 1959 respectivamente, desvinculando-se de Nazaré.

Cidade de Nazareth (1906): A sede da Vila, esta já equivalente a Município, é elevada à categoria de cidade pela Lei nº 1038, de 19 de dezembro de 1906. .

Município de Nazaré Paulista (1944): Através do Decreto-Lei nº 14.334, de 30 de novembro de 1944, o então “Município de Nazareth” passa a denominar-se Município de Nazaré Paulista para distinguir-se de seus homônimos e evitar as constantes confusões com correspondência e embaraços ao correio nacional.

  1. A População Nazareana nos Recenseamentos

A primeira quantificação dos nazareanos data de 1701, como se depreende do seguinte texto constante do mencionado Livro-Tombo nº 1: “Aos trinta dias do mês de março de mil e setecentos e um annos, estando em visita nesta villa de Sam Paulo o Doutor Antonio de Lima, comigo probendado, da Sé do Bispado do Rio de Janeiro, nos apresentou o Pe. Manoel Cardoso de Lima este livro que o digno visitador numerou e rubricou”…

…”Tem essa Freguezia oitenta e um fogos…”

Como fogos significava toda uma família residente em torno de uma casa com um fogão, deduz-se que naquele ano, 1701, Nazareth já contava com cerca de 240 habitantes.

Em 1872, no 1º recenseamento oficial no Brasil, Nazaré apresentou um total de 5.280 habitantes, sendo que 616 eram escravos. Seguem-se os resultados dos demais censos: Em 1890: 7.802 hab, em 1900: 6.521 hab, em 1920: 11.538 hab, em 1940: 9.722 hab, em 1950: 10.027 hab, em 1960:  7.522 hab, em 1970: 8.700 hab, em 1980: 8.814 hab., em 1991: 9.026 hab., em 1996: 11.916 hab., em 2000: 14.379 hab., e em 2005: 15.911 habitantes residentes.

  1. As Famílias Tradicionais Nazareanas

Ao nomear e relacionar as famílias tradicionais que aqui nasceram ou que vieram de outras plagas, que aqui se enraizaram, aqui labutaram, aqui derramaram o seu suor e dedicaram seu amor pela nossa terra e aqui geraram seus descendentes, filhos de Nazaré, poderemos incorrer em faltas e omissões. Peço humildes desculpas pelas famílias omitidas, pois todas merecem o nosso respeito e nossa gratidão. São todas elas “Famílias de Nazaré”;

Eis algumas delas, circunscritas ao século passado: Abrahão, Albano, Almeida, Alves, Andrade, Avelino, Baldin, Barbosa, Bianchi, Bicudo, Brandão, Brito, Bronzeri, Buava, Bueno, Camargo, Caraça, Carmo, Carpinelli, Carvalho, Cenciarelli, Coelho, Damante, Derosa, Dores, Fá, Fanti, Galhardo, Gonçalves, Guimarães, Guedes, Hacl, Kurakawa, Lopes, Loreto, Mariano, Mansoto, Martins, Medeiros, Moraes, Oliveira, Otero, Passos, Pedroso, Peró, Pinheiro, Pinheiro do Carmo, Prado, Quírici, Ramos, Rodrigues, Rondon, Salomão, Santoni, Santos, Serão, Silva, Souza, Tereza, Tognini, Torres, Valinhos, Vergara, Veríssimo e muitos outras.

  1. Nazareanos que se destacaram na História do Município

Alguns nazareanos se destacaram na história do município e com certeza contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento e crescimento de nossa terra, de nosso município e engrandecimento da nossa gente. Lembremo-nos de alguns nomes e reverenciemos os muitos esquecidos e não mencionados:

Os fundadores Mathias e Zuzarte Lopes; os administradores, intendentes, prefeitos e vereadores como Francisco Antônio Derosa que governou o município por 27 anos, José Francisco Pedroso; os seus 95 padres, os Padres aqui nascidos, como Francisco Rodrigues dos Santos (o padre Chico), Padre Emygdio Pinheiro e o Padre Nicolau Carpinelli, o Monsenhor Afonso Kurschewski e o nosso atual Bispo José Maria Pinheiro; os seus militares de carreira como os irmãos Coronéis da então Fôrça Pública, José Theófilo Ramos que foi Comandante Geral e Napoleão de Almeida Ramos; Benedito Almeida Bueno e seu filho Lucílio Bueno, Embaixador do Brasil na Dinamarca, Argentina e Venezuela; os seus educadores como Lycínio Carpinelli, Delegado Regional de Ensino e muitos outros, aos quais reverenciamos com eterna gratidão.

  1. A Extração Vegetal

Uma das mais importantes e antigas atividades econômicas de Nazaré Paulista foi e ainda é o extrativismo vegetal. Era comum a derrubada e a queimada da mata atlântica nativa e natural, seguida do corte a machado dos seus troncos e galhos, transformando-os em lenha e a sua posterior industrialização através de processos primitivos, em carvão vegetal. Essa transformação era efetuada através das “caieiras” (montes cônicos de lenha, cobertos com barro, com entrada para a combustão e chaminé para a saída da fumaça) e posteriormente através dos “fornos cavados no terreno” para o cozimento da lenha e a produção do carvão.

Hoje, não mais se corta a mata nativa, pois a que foi derrubada foi sendo substituída por eucaliptais. Infelizmente a outrora variada vegetação natural que abrigava nascentes, veios d’água, córregos e uma rica fauna, tem cedido lugar às monótonas “roças” de eucalipto, com árvores iguais, simétricas e enfileiradas, e que não atraem pássaros ou animais. É essa vegetação amorfa e que só serve para o fogo, a que  é cortada  para virar lenha.

Apesar de controvérsia, há extensa literatura a proclamar os efeitos maléficos ao meio ambiente causados pelo eucalipto. Essa prática de derrubada de árvores que se regeneram rapidamente e que são vendidas como material de combustão e de produção de energia, bem mais barato que o gás, que o petróleo ou que a energia elétrica, sempre foi e continua sendo a principal atividade econômica da localidade.

  1. As Festas e Tradições

Desde a sua fundação, o povo nazareano era e é eminentemente católico (IBGE-1º Censo de 1872: 99,7% dos nazareanos eram católicos) e festeja com muita participação e devoção os dias santos e as datas magnas da cristandade.

O calendário religioso era recheado de festas; festa da Santa Cruz, de São Benedito, de São Lázaro, de Santa Luzia, de Santa Terezinha, de São Sebastião, de Santo Antônio etc.

Eram festivamente celebradas as festas de “Corpus Christi”, a Semana Santa e as Festas Natalinas. Atualmente ressaltam-se duas grandes festas religiosas anuais: a tradicional Festa em louvor ao Divino Espírito Santo (Festa do Divino), comemorada nos três últimos dias do mês de junho, antecedida de novena, com a migração à cidade dos munícipes rurais e de romeiros de outras localidades; com suas “alvoradas” (caminhadas matutinas e noturnas pelas ruas da cidade), os festeiros, as cantorias típicas e a distribuição gratuita de “café com paçoca”. A outra significativa comemoração religiosa é a Festa de Nossa Senhora de Nazaré, festa da padroeira e de aniversário da fundação do Município, comemorada no dia 21 de novembro, quando o calendário católico litúrgico celebra a festa da Apresentação de Maria.

Essa festa é antecedida da novena e da Procissão Aquática “Círio de Nazaré”, quando a imagem da Padroeira é transportada em embarcação, seguida em Procissão Aquática pelas embarcações das marinas na grande Romaria das Águas pela Represa do Atibainha, até a “Prainha do Lavapés”, onde é celebrada a missa campal com a benção das embarcações.

Nestas festas é grande a participação do seu povo e é muito rico o seu folclore com o desfilar pelas suas ruas das “congadas, caiapós, moçambiques, cavalhadas e dos” carros de boi “; as barracas dos comerciantes, os shows pirotécnicos, os leilões de prendas e de garrotes, o imperador e a imperatriz, os fogueteiros, as bandeiras, os cetros, as coroas e o mastro do Divino, o Bando Precatório e a Exposição Histórica das Festas antigas e do passado histórico do Município.

  1. A Represa Atibainha

Uma das características do município é a abundância de recursos hídricos, nascentes, córregos e riachos. O Rio Atibainha com nascentes ao sopé da Serra Mantiqueira teve suas águas represadas por uma barragem construída na lateral da montanha onde se situa a cidade de Nazaré Paulista, formando o Reservatório Atibainha, integrante do Sistema Cantareira, pertencente à Sabesp, composto por outros três reservatórios (Jaguari-Jacareí em Bragança Paulista, Cachoeira em Piracaia e Juqueri ou Paiva Castro em Mairiporã) e que se destinam ao abastecimento de água para a Região Metropolitana de São Paulo além de regular o fluxo de águas para a região Campineira.

  1. A Vocação Turística

A duplicação da Rodovia Fernão Dias, a implantação da Rodovia D. Pedro I e a efetivação do Sistema de Abastecimento Cantareira trouxeram uma radical transformação na identidade do Município, na sua população e na sua dinâmica social e populacional. Surgiram as “chácaras de recreio” e as “residências de fins de semana” ao entorno da represa, aumentaram as atividades hoteleiras, de comércio e de lazer, as marinas, as pousadas, os restaurantes campestres, as praias de banhistas; ocorreu o aumento do tráfego nas rodovias, do fluxo de visitantes e de turistas.

Nascia assim a nova face turística do município. A rodovia D. Pedro corta o município e sobrepõe a sua represa através de 6 pontes, verdadeiras obras de arte, tendo a maior delas 880 metros de comprimento. E a cidade, as rodovias e a represa estão rodeadas de montanhas recobertas de remanescentes da Mata Atlântica protegidas por ser todo o município considerado como área de proteção ambiental. Todo esse visual, aliado às suas tradições folclóricas, às suas festas religiosas e a proximidade da Capital faz de Nazaré um promissor pólo de turismo rural, esportivo, ecológico e religioso.

  1. Águas Nazareanas aos Irmãos Paulistanos

Uma característica que enaltece e engrandece a todos os nazareanos e da qual nos ufanamos, é o nosso represamento de água, e a sua distribuição e doação aos nossos irmãos paulistanos. Na década de 1970 tivemos a implantação do Sistema de Abastecimento Cantareira, principal manancial abastecedor de água para a região Metropolitana de São Paulo. Este Sistema é composto pelo represamento dos rios Jaguari, Jacareí, Cachoeiro e Juqueri, e que interligados deságuam na Represa do Atibainha em nosso município, represa esta que tem a sua barragem de 791m de cota de coroamento situada na encosta da cidade de Nazaré Paulista e que inundou uma área de 22,5 km2 de nosso município, com um volume útil de 104 hm3 de água, água esta que abastece cerca de 60,0 % da população da capital do Estado de São Paulo. São aproximadamente nove milhões de paulistanos que se servem das nossas águas, que com ela saciam suas sedes, se lavam e preparam suas refeições.

E nós, nazareanos, nos privamos de nossas melhores terras, das nossas várzeas, das nossas culturas de sobrevivência, para, gratuita e fraternalmente, doarmos águas aos nossos irmãos, paulistanos de São Paulo de onde, há 330 anos, para cá viemos!

E fazemos tudo isso compenetrados nos ensinamentos de nosso Divino Mestre:

Tive sede e deste me de beber”. “Ainda que derdes em meu nome um simples copo de água, sereis recompensados”.

É por tudo isso que Nazaré Paulista é uma terra abençoada e, tal qual a Terra Santa de “Jesus de Nazaré”, é chamada de “Paraíso das Águas e da Fé”.

Bibliografia

  1. ANDRADE, Euclides, A Força Pública do Estado de São Paulo – Esboço

Histórico – 1831-1931, Socied. Imp. Paulista, SP, 1931.

  1. LIVRO-TOMBO Nº 1 – Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, Arquivo da

Cúria Diocesana de Bragança Paulista, 1676-1851.

  1. LIVRO DE BATISMO Nº 1 – Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, Arquivo da Cúria Diocesana de Bragança Paulista.
  2. DOCUMENTOS INTERESSANTES, Vol. XI, Arquivo do Estado, 1896.
  3. ARQUIVO DA CÚRIA METROPOLITANA DE SÃO PAULO D. DUARTE LEOPOLDO E SILVA, Livros, Protocolos e documentos.
  4. SOUZA, Ney, Catolicismo em São Paulo, Ed. Paulinas, 2004.
  5. LIVROS-ATAS, Câmara Municipal de Nazaré Paulista.
  6. LEME, Luiz Gonzaga da Silva, Genealogia Paulistana, 1903, SP.
  7. TAQUES, Pedro, Nobiliarquia Paulistana, História e Genealogia.
  8. TAUNAY, Afonso E., História seiscentista da vila de São Paulo, SP., 1926-1929.
  9. MARQUES, Azevedo, Apontamentos Históricos , Geográficos, Biográficos, Estatístico e Noticiosos da Província de São Paulo, Liv. Martins Editora, SP., Reedição, 1952.
  10. SILVEIRA, Waldomiro F., História de Atibaia, Ed. Teixeira, SP. 1950.
  11. JORNAIS, ‘A Folha” e “O Município”, 1920/1930.
  12. PASSOS, M. A., Bom Jesus dos Perdões, Sua história e sua gente, 1944,

2ª edição, 1997, SP.

  1. DAMANTE, Francisco, O Bom Povo, 1922, 2ª edição, SP.
  2. ENTRE SERRAS E ÁGUAS, Caderno de Subsídio nº 4, Relatório de Qualidade Ambiental, SMA/SP, 1998.
  3. LOPES, Maria B. Ap. Pinheiro, 100 Anos da Família Pinheiro, 2000, SP.

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