FRANCISCO ANTÔNIO DEROSA
Coronel Honorário da Guarda Nacional ,
Delegado de Polícia, Vereador
e Prefeito Municipal de Nazaré Paulista
1863 – 1938
FRANCISCO ANTÔNIO DEROSA – Personagem que nenhum nazareano deve desconhecer. Coronel (posto honorífico) da antiga Guarda Nacional, italiano nascido na cidade de Verbicário, Calábria, Itália, em 21 de abril de 1863. Apesar de não ser brasileiro e não ter nascido aqui em Nazaré, fez-se brasileiro e nazareano pelas suas virtudes e pela sua gestão política nos destinos da antiga Nazareth.
Veio para o Brasil em 1892, passou a exercer a profissão de mascate, naturalizou-se brasileiro, casou aqui em Nazaré com Ana Antônia, filha de João Rodrigues dos Santos, sobrinha do Capitão Manoel de Almeida Passos e neta de Joaquim Rodrigues dos Santos; cunhado de Carlota Rodrigues dos Santos.
Não teve filhos, porém adotou uma sobrinha, Doralba, filha de seu irmão Miguel que voltou para a Itália. Doralba casou-se com Feliciano de Almeida Bueno, filho do Coronel Benedito de Almeida Bueno, outro ilustre nazareano que deu seu nome a uma rua de nossa cidade e que foi Prefeito de Atibaia entre 1914 a 1920.
Político hábil, inteligente, corajoso e com muita determinação, governou nossa cidade, como intendente, vereador e prefeito por longos 38 anos, ou seja, desde 1892 até 1930, prestando incalculáveis serviços e melhorias à causa do progresso de nosso Município. Derosa, quando chegava ao fim do mandato, candidatava-se e ganhava novamente. O voto não era secreto, razão pela qual o partido governista nunca perdia a eleição. Foi um político muito elogiado pelos seus companheiros de partido, o Partido Republicano Paulista, mas também muito combatido pelos seus oposicionistas do Partido Republicano dissidente e pelos Jornais “A Reação” editado em Perdões e “O Município” publicado em Nazaré.
Derosa, como era chamado, apesar de ser fervoroso católico, ganhou forte oposição quando interditou o cemitério da Igreja, situado muito próximo da construção da Escola e sem infra estrutura adequada, sem muros, com cavalos, muares e cachorros em seu campo. Antes construiu o atual cemitério ao final da antiga Avenida da Saudade, atual Rua Comendador Vicente de Paula Penido, como sendo de propriedade da Prefeitura, proibindo desde então o enterro no cemitério da Igreja, chamado de Campo Santo. Com esta proibição ganhou a reação dos republicanos opositores e também dos padres que perdiam a receita da “fabrica”. Os vigários se uniam ao Partido Republicano Dissidente e pleiteavam a reabertura do Cemitério da Igreja. Os nazareanos católicos fervorosos e crentes insistiam em enterrar os seus mortos no cemitério da Igreja como sendo condição para chegarem ao céu. Conta-se que foi necessária a intervenção policial para obrigar o enterro no novo cemitério. O Coronel Derosa, com sua força política conseguia a transferência dos padres para outras paróquias em outras cidades. Vários padres foram obrigados a deixarem a nossa paróquia e esta ficou fechada, sem padre por algum tempo. Houve um padre que ao deixar a cidade, tirou suas sandálias, delas tirou a poeira da estrada e amaldiçoou nossa cidade e seus políticos, apregoando que Nazaré nunca iria prosperar.
Em 20 de outubro de 1930 falece a sua esposa, Ana Antônia, e a partir de então passou a residir em seu sítio no bairro do “Marmeleiro”, entre o “Tanque Preto” e o “Quatro Cantos” onde tinha muitas plantações de fruta e pastoreio de gado. Neste ano renunciou ao cargo de Prefeito para o qual tinha sido reeleito.
Durante o seu governo foram construídas inúmeras benfeitorias na cidade; o Cemitério Municipal, o prédio da Cadeia e da Câmara, atual sede da Prefeitura, o prédio da Escola que hoje ostenta o seu nome “EEPSG Francisco Derosa”, calçada nas ruas e água encanada.
Com a Revolução de 1930, adveio o declínio da Guarda Nacional e de seus Coronéis, e Nazareth passou a ser governado pelo nomeado Antônio Rodrigues Bicudo. Derosa adoeceu e foi internado em 1938 no Hospital Santa Rita, em São Paulo, aonde veio a falecer em 21 de agosto de 1938. Foi sepultado aqui em Nazaré, com exéquias a expensas do Governo do Estado. Seu túmulo é o primeiro à esquerda após o portão de entrada do cemitério.
O Jornal “A Folha”, ´´órgão republicano de Nazareth, publicou em primeira página de 25 de abril de 1926, extensa matéria elogiando o Coronel Derosa pelo transcurso de seu aniversário. “Homem de bem e de caráter ilibado sabe conservar à altura de uma autoridade, sabe fazer respeitar-se e, com carinho paternal atende a todos em circunstâncias de urgente auxílio e proteção”.
Em sua memória foi dado o seu nome à antiga Escola Reunida de Nazaré, atual EEPSG Francisco Derosa. Também foi dado o seu nome à antiga “Rua do Comércio” onde se situavam os primeiros e principais estabelecimentos comerciais, como a loja de tecidos “Quírici” e o armazém da Família Hacl, a casa-escritório da Companhia Elétrica de Piracaia, aqui instalada em 1927, cujos responsáveis foram os nazareanos Clementino de Almeida Passos até 1951 e posteriormente Juvenal Ponciano de Camargo. Essa é a atual Rua Coronel Francisco Derosa.
Também nesta rua se achava a primeira e única pensão/hotel da cidade, no antigo casarão construído em 1917, hoje em ruínas, restando somente a sua parede frontal, desapropriado pela Prefeitura, aguardando destinação para sediar repartição pública municipal. A dita “Pensão” foi gerenciada por longo tempo por Dona Sinhá, esposa do Prefeito Francisco Pinheiro, meus avós maternos, e posteriormente, pelas filhas de Sérgio Gonçalves, a Lica, a Minduca e a Lázara, todos estes citados já falecidos.
Fontes:- Jornal “A Folha” Abril de 1926 e Fev 1930,
-“Bom Jesus dos Perdões, sua História e sua gente – de Murillo de Almeida Passos
(Extraído do livro prelo: “De Nazareth à Nazaré Paulista” de Oscar Pinheiro)
Nazaré Paulista, junho de 2016.
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